segunda-feira, 8 de abril de 2013

viêt-công,











['Fundo de rumor mais macio que o silêncio', de Elida Tessler]
viêt-công
lui vuole sapere: sono
in grado di mantenere un
segreto? lui
vuole sapere se il
segreto può
guarirlo, disturbarlo,
avvicinarlo. parla
uno, due dialetti
che nessuno capisce
e conserva l’abitudine
di dare da mangiare
alle anatre al mattino. a
volte si scopre a far calcoli
di felicità
su un pezzo di
terra in brasile, due
birre al giorno, tè
con zenzero e
miele di rosmarino.

gli amici sono andati a
vivere in
marocco. lui
pure non
sembra un francese e
non lo sa mai
molto bene cosa
è venuto a fare in
mezzo a tanta
gente. lui pure
non dice, ma il
segreto, come tutto
il resto, non è che
un’invenzione. lui
non dice nemmeno
se ha fatto un’amicizia
o se muore un
po’ ogni giorno
più in fretta di
tutti noi.

[Júlia Studart, trad. Davi Pessoa]


viêt-công


ele quer saber: são
capazes de guardar
segredo? ele
quer saber se o
segredo pode
curar, provocar uma
revira-volta, trazê-lo
pra mais perto. fala
um, dois dialetos
que ninguém entende
e conserva o hábito
de alimentar
patos pela manhã. às
vezes é flagrado
tecendo cálculos
de alegria
num pedaço de
terra no brasil, duas
cervejas por dia, chá
com gengibre e
mel de rosmaninho.

os amigos foram
morar no
marrocos. ele
também não
parece francés e
nunca sabe
muito bem, não
faz idéia do que
veio fazer aqui no
meio de tanta
gente. ele também
não diz, mas o
segredo, como todo
o resto, pode ser
apenas invenção. ele
também não diz
se fez um amigo
ou se morre um
pouco a cada dia
mais rápido que
todos nós.

 [Júlia Studart. Poema publicado na página RISCO, editada por Carlito Azevedo, Prosa & Verso, O Globo, 25.06.2011]

Nenhum comentário:

Postar um comentário