domingo, 16 de janeiro de 2011

onde mora natasha romanoff

veja bem o que aconteceu quando você voltou de moscou
durante aquela chuva fina, de surpresa, e invadiu a casa pela
janela. heather podia dormir ali e gritar por causa do barulho da
vidraça. heather mantém os cabelos curtos. mary jane, como
você, mantém os cabelos longos, e nunca dormiu por aqui, mas
sempre quis que viesse, que ficasse um pouco. mary jane é
muitas vezes bonita demais. mas agora é como se mudasse a
casa, de surpresa e pela janela, para lambari, e henriqueta
lisboa com o cabelo preso molhado de musgo diz a você
igualmente vestida de negro que é uma menina selvagem. um
assombro entre a árvore e o dia, a alma e os ossos. alma em
suspiro pelo encontro do que fica sempre mais longe. anônima
e traidora, esquiva e tímida, equilibrista e feroz, é que nenhum
amor dura tanto assim. os pés enfiados no estômago, a palavra
sai dura, a boca, o silêncio disfarçado na fumaça noturna, uma
dança e o esforço: manter o corpo de pé

manoel ricardo de lima
[esse poema faz parte da série inédita onde você está]

3 comentários:

  1. que ótimo, mané,

    fico aqui pensando: se mary jane tivesse conhecido hazey jane teria sido uma loucura na vida do homem-aranha... "Hey slow Jane, let me prove
    Slow, slow Jane, we're on the move" Nick Drake. Aliás, será que não são a mesma pessoa??? então, vc está soltando as teias dos poemas hqss heim??!! maravilha, abraço bem slow pra vc, davi.

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  2. outro dia, pensando num herói fracassado, lembrei dessa série aí. bacana.
    saudades de vocês.
    grande abraço

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