segunda-feira, 15 de novembro de 2010

suplemento literário de minas gerais,


Edição especial, Animais escritos - Set/Out 2010 [n. 1.332]
Organização Maria Esther Maciel

a pele do coelho sem o coelho dentro
com nuno ramos
 
um,
com a mão coberta de pelo
e porra e a porta do banheiro
de uma estação de trem
em roma completamente
aberta:
um rato pálido e exposto
arrasta um colar azul de
miçangas hindus, uma
nota de dez e um esboço
de oração no meio do campo
marzio, alguém grita duas
vezes que o começo arranca
a pele das coisas, que agora
andamos por aí sem
amor, depois
grita outra vez quando
sobra apenas a pelanca de
tudo, quando o que sobra
é apenas pelanca ou uma
situação deserta como
esta, perder o binário
e mentir para salvar a
própria pele

dois,
fixo e estatelado no
chão, cuspe borrado entre
café e fumo, uma garatuja
da morte: não era mais
uma pele, disse o rato. era
o que, então, talvez se
pergunte aquele inseto
robô que viaja na gola
puída do japonês, fotógrafo
insistente, que enfia o pé
na porta quase fechada
do banheiro de uma
estação de trem em
roma. o inseto robô ri
e explode

manoel ricardo de lima

ver edição completa:
http://www.cultura.mg.gov.br/arquivos/SuplementoLiterario/File/1332.pdf

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