quinta-feira, 18 de novembro de 2010

carlos h. schroeder,


As certezas e as palavras, de Carlos H. Schroeder
Primeiro lugar no Prêmio Clarice Lispector, categoria
Conto, da Biblioteca Nacional. A Editora da Casa, o
grande Carlos e toda palavra com porrada merecem.

Trecho do prefácio intitulado Pliè, ou um prefácio:

"este conjunto de narrativas de Carlos Henrique Schroeder, também por causa do título – As certezas e as palavras –, me remete a um trabalho de um artista visual português chamado João Onofre, intitulado Pas d’action: João reúne uma série de bailarinos na frente de uma câmera e pede a todos eles que façam um plié durante o tempo que conseguirem manter a posição. Um plié é aquele movimento de equilíbrio sobre a ponta da sapatilha, com os braços para o alto, em curva, e os joelhos flexionados. Diz-se que no balé clássico tudo deriva do plié, que é uma espécie de movimento de ponto de partida. O fato é que no trabalho de João os bailarinos caem um a um na frente da câmera até o último, que cai quatro minutos depois; é o fim da resistência do músculo, da ação, que começa agora vazia e na frente da câmera só há a queda. O movimento passa a ser aquilo-que-não. Este conjunto de Carlos me parece ser um pouco este pas d’action, nenhuma certeza a cada palavra nua, nenhuma palavra a cada ausência de qualquer coisa, como “o desejo de uma vida em branco”. Assim, refestele a mão e o olho com cada frase aqui como se também cada uma delas fosse sua, minha ou de ninguém. Carlos nos cede este lugar incerto, este, o de suas narrativas famintas.      [Manoel Ricardo de Lima]

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