quarta-feira, 29 de maio de 2013

ciranda da poesia,



Mi vida como bacteria

Cuando empecé a escasear, la orden
fue que actuara con naturalidad, que partiera
de escenarios mutuamente excluyentes –

que marcase algún cero absoluto, por
teléfono

- o que me desprendiera de todo lo anterior, y me quemase
una vez leído: me vino a la memoria el chiste
de la conversación entre dos asesinos
que fingen reconstruir el acento, los hábitos lingüísticos

de la víctima
usando las propiedades de sus gritos, pero cada vez
una pausa en la programación los distrae, haciendo que la broma
nunca acabe, y la risa
se sume al resto de tareas pendientes. Ahora se abrirán los turnos de [debate
al respecto, y si con eso
se pudiera restablecer el flujo, se sabría
que hemos sido disueltos por opiniones públicas, formateados
por la corrosión –como una muestra de laboratorio.-

Minha vida como bactéria

Quando comecei a diminuir, a ordem
foi que agisse com naturalidade, que partisse
de cenários mutuamente excludentes –

que marcasse algum zero absoluto, por
telefone

- ou que me desprendesse de tudo, antes, e me queimasse
logo depois de lido: me lembrei da piada
da conversa entre dois assassinos
que fingem reconstruir o sotaque, os hábitos linguísticos

da vítima
usando as propriedades de seus gritos, mas cada vez
uma pausa na programação os distrai, fazendo com que a piada
nunca acabe, e a risada
se junte ao resto das tarefas pendentes. Agora se abrirão os turnos de [debate
sobre isso, e se com isso
se pudesse reestabelecer o fluxo, se saberia
que temos sido dissolvidos pela opinião pública, formatados
pela corrosão – como uma mostra de laboratório.-

[poema de Aníbal Cristobo. Trad. Manoel Ricardo de Lima]
ANIBAL CRISTOBO, por Manoel Ricardo de Lima. RJ, EdUERJ, 2013

Nenhum comentário:

Postar um comentário