X
O
amor gasta
ilharga, rumo
porque inventa
de novo, amor.
Suor, fruto
rosto nítido
paira um ritmo
na gruta, silêncio.
Mas se o amor gasta
temerosos, teus receios
e se o amor cria o dia
de chegarmos numa praça
em que fumo feito
o amor desfolhe
nicotina amarelando
os batentes das portas
o outono
também pode entrar, amor.
Amor pode pôr altifalantes
não adianta, não avisam
o caminho, a enxurrada.
Bicicleta.
Mas se bem amadurece
água com açúcar, dá papaia
e o amor no máximo gasta
cáries nos dentes dos
miúdos.
Sabe bem, alisar demais
nunca fez gastar o viço
nem dos pelos
do gato que te oferto no
Natal
e em seu salto matutino
sobre nossos corpos
desconhece o puído da vida.
O amor nos lambe áspero
constrói-nos olhos, digo
para ver pontes o amor
abre as portas. Cria.
O imaginário é meu armário.
Onde encontro os potes de
massa
ao redor das pilhas
enferrujando
na caixa de sapatos
junto das fotografias
enrolado numa manta
o amor, raro. O amor
tira o cavalo da naftalina
gira e grita
grita e guia.edições Chão da Feira, BH/Lisboa, 2013
http://www.chaodafeira.com
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